31/03/2008

Dados Biográficos

Maria Teresa Vieira
(Maceió - 1932, Rio de Janeiro - 1998)

Desenhista, pintora e arte educadora, Maria Teresa Vieira da Silva revelou-se nas artes plásticas ainda na infância, e na adolescência, aos 14 anos, começou a estudar pintura com Lourenço Peixoto e depois com Miguel Torres, então, os mais reconhecidos mestres de Maceió - Alagoas.

Filha de Antídio Vieira da Silva, funcionário público, contador, humanista, e Maria Joaquina Nunes Vieira da Silva (Dorinha), Maria Teresa tinha 15 irmãos, e aos 15 anos de idade chegou a ser noviça, porém, na mesma época escolheu a arte como religião e vida, pois, um ano após a primeira individual em 1949, no salão da Câmara Municipal de Maceió - que lhe concedeu uma bolsa de estudo, Maria Teresa transfere-se para o Rio de Janeiro, ingressando na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluna de Henrique Cavaleiro, Edson Motta e Georgina de Albuquerque, entre outros, e ainda em 1950 classificou-se para o Salão de Arte Moderna, na Seção de Desenho.

Em meados da década de 50, foi convidada por Tude de Souza, diretor da Rádio Ministério da Educação, para trabalhar como ilustradora dos programas da rádio, onde conheceu sua grande amiga Geni Marcondes, musicóloga, historiadora da arte e artista plástica que lhe abriu os caminhos da arte educação.
Nesta mesma época começa a ministrar aulas em seu ateliê, no bairro de Santa Teresa e na Colônia Juliano Moreira a convite da conterrânea Nise da Silveira, psiquiatra que utilizava a arte como terapia ocupacional de apoio ao tratamento dos internos, incentivando Maria Teresa, que, de forma inversa, se utilizava da psicologia como apoio ao ensino artístico.Trabalhou também como ilustradora de poesias e crônicas de jornais e revistas como Fon Fon e Cruzeiro, entre muitas outras. Em 1956, sua pioneira oficina de serigrafia artística na Escola Nacional de Belas Artes, bastante freqüentada, desenvolvia técnicas mistas de gravura, desenho e pintura e que, mais tarde, foi implantada na UNE.

Em 1960 teve um filho, Arnaldo Vieira de Alencastre, com Flamínio Gomes de Alencastre, funcionário público, economista. Em 1963 Maria Teresa casa-se com o escultor José César Branquinho, com quem teve dois filhos, Moema (64) e Paulo Vieira Branquinho (66), se divorciando em 1974. Amiga de Carlos Drummond, Billy Blanco, Djanira, Faiga Ostrower, Sérgio Bernardes, Edino Krieger, Joel da Silveira, Fernando Pamplona, Edna Savaget, Geni Marcondes, Rubem Braga, Darel e Ziraldo, entre tantas personalidades brasileiras.

Em sua obra, após um período de forte expressionismo, voltou-se em 1958, para a “realidade circundante”, a fase naturalista, durante a qual fixou quase que documentariamente e usando de técnicas mistas e nanquim - o bairro de Santa Teresa - onde residia, numa série de paisagens caracterizadas pela ausência de figuras humanas, que lhe proporcionou fama precoce, com o Prêmio de Insenção de Juri em 1963, e o cobiçado Prêmio de Viagem ao País, no Salão Nacional de Arte Moderna, em 1965.

Na subseqüente Série Síntese – que durou aproximadamente, de 1967 a 1973, a artista começou a adotar formas tão soltas que pareceu a um passo da abstração – com o incentivo da gravadora Faiga Ostrower e sob as referências elogiosas de críticos do porte de Jacob Klintowitz, José Roberto Teixeira Leite e Quirino Campofiorito.

A década de 70 marcou, tanto a realização de paisagens e retratos em óleo sobre tela, quanto de trabalhos em papel com técnica mista. As décadas de 80 e 90 marcaram o desenvolvimento de paisagens em técnicas mistas com betume, vieux-chene e nanquim, bem como acrílicas sobre tela de forte expressão de cores e movimentos, primeiro através de paisagens e queimadas na Série Ecologia e, em seus últimos anos de vida numa integração intensa com a natureza enveredando pela interpretação espontânea dos gestos.

A artista está catalogada, entre outros, no prestigioso Dicionário das Artes Plásticas no Brasil, de Roberto Pontual e no Dicionário de Pintores Brasileiros, de Walmir Ayala. Figura ainda no Livro-álbum Brasil-Arte do Nordeste, no Livro Arte Contemporânea das Alagoas e no Livro “Coleção ABN AMRO Real”, entre outros.

Uma das pioneiras da arte educação brasileira, Maria Teresa rompeu com o academicismo dos métodos tradicionais de ensino artístico, desenvolvendo métodos com o objetivo de propiciar a capacidade criadora, ministrando aulas em grupo com tratamento individualizado, sem interferência na criação do aluno e com respeito ao seu processo particular, incentivando a pesquisa interior, ou seja, o que o aluno traz em si, a sua bagagem pessoal e valorizando a importância de canalizá-la em busca da sua expressão artística.

Maria Teresa Vieira dedicou 50 anos à arte, tendo produzido mais de oito mil obras, e 46 anos ao magistério artístico, contribuindo na formação de várias gerações de artistas, com o desenvolvimento da arte educação, da arte terapia, da educação inclusiva e da inclusão social através da arte, em cujo reconhecimento a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro concedeu-lhe uma casa na tradicional Rua da Carioca, para servir-lhe de centro de arte e ateliê-residência, cuja reconstrução interna, restauração das fachadas e implantação foi custeada por doações da Construtora Servenco, da Cerâmica Vaz e de amigos, alunos e artistas, num gesto de solidariedade e mecenato que já serve de exemplo.

Exemplo de perseverança e alegria de viver, Maria Teresa pintou até o momento se seu falecimento devido a um câncer, com 65 anos, em 18 de Março de 1998, no Rio de Janeiro.

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